Não esquecemos o que amamos

"Aquilo que está escrito no coração não necessita de agendas porque a gente não esquece". Li essa frase da Adélia Prado há alguns dias e amei. Portanto, não esqueci. Pensei tanto nela, que decidi escrever. Eu, que vivo anotando tudo o que tenho que fazer e deixando recadinhos para mim mesma em post-its coloridos no computador do trabalho, percebi que não esqueço as coisas realmente importantes. E olha que sou para lá de distraída e já esqueci até o aniversário do meu melhor amigo! Então, explico. Esquecer o aniversário não é esquecer a pessoa. Ela sim é que é importante. Esqueço de dar um recado, de guardar o celular, de fechar a bolsa. Esqueço até a consulta no médico. Mas não esqueço que hoje ainda não falei com a minha mãe. Não esqueço que meu pai estava doente. Não esqueço jamais de dar um beijo de boa noite no meu maridinho. Não esqueço de me sentir feliz sempre que penso nele. Não esqueço de checar, de tempos em tempos, como vão os meus amigos mais queridos. E, ainda que eu fique muito tempo sem notícias deles, não esqueço de desejar que estejam felizes. Mesmo que não tenha anotado esse "dever" em nenhuma das minhas muitas agendas. Não esqueço a carinha fofa dos meus sobrinhos e nem os comentários inteligentes e engraçados que fazem. Não preciso ficar checando os detalhes da história a cada vez que eu, coruja, repito a nova "sacada" deles. Já a lista do supermercado tem que ser conferida item por item - e, mesmo assim, sempre falta alguma coisa!
Eu acho que deve haver uma conexão banda larga de alta velocidade entre o nosso coração e a nossa memória. Agenda e alarmes no celular servem apenas para aquelas coisinhas pouco importantes como uma reunião de trabalho, a hora do dentista e a data do vencimento do cartão de crédito.

Primeiro post do ano: Dia da mulher

Este ano, a terça-feira de carnaval será no dia 8 de março, dia da mulher. Uma simples coincidência. Ou uma brincadeira do destino para lembrar-nos que, em um ano que começou, no Brasil, com a posse da primeira presidenta da República, a festa é nossa.

Já se foi o tempo em que carnaval era coisa de homem, quando as mulheres – ou pelo menos as mulheres “de família”, como eram chamadas, ficavam fora da festa ou, no máximo, observavam a folia pela janela de casa. Esse tempo, definitivamente, ficou para trás. Hoje somos nós que comandamos os mais animados blocos de rua, trios elétricos, rodas de samba. No passado, maridos cantavam canções como esta de Nelson Cavaquinho: “vou partir / não sei se voltarei / tu não me queiras mal / hoje é carnaval”. No presente, homens de todo o Brasil entoam animados o recente sucesso da internet - que promete ser o hit do carnaval 2011: “vou não / posso não / quero não / minha mulher não deixa não”. Sinal dos tempos.

Em comemoração ao dia da mulher, vamos fazer este ano o mais animado carnaval de todos. E vocês, homens, verão que ninguém sabe comandar uma festa como a gente. Uma festa, um carnaval, uma empresa, um país, uma vida. Mas não, amigos, não vão embora. Com a nossa generosidade – que não por acaso é um substantivo feminino, queremos convidá-los a comemorar com a gente. Isso porque o dia é da mulher, mas o carnaval é de todos.