terça-feira, 29 de junho de 2010

"Que país é esse?"

"Boa tarde", digo eu à dona da barraca de flores. "Boa tarde, linda", responde a senhora que, de tão doce e simpática, me causa certo mal estar. É um tal de "linda, obrigada, Deus te abençoe, fique à vontade" que sempre acaba mais me atrapalhando do que ajudando na hora de escolher as minhas flores prediletas. Eu devia ter vergonha de admitir isso, mas, no meu íntimo, eu sempre desejo que ela fique em silêncio... Como hoje a minha encomenda era grande, solicitei, com bastante naturalidade, que ela anotasse o meu pedido. Ela fez que sim e foi buscar um caderninho. Voltou, parou ao meu lado um pouco sem graça, olhou bem nos meus olhos e disse, quase num tom de quem confessa um pecado: "Deixa eu te contar uma coisa, moça, eu sou analfabeta... Você se incomoda de escrever para mim, minha linda?" Tentando disfarçar o meu constrangimento, eu disse que não e anotei tudo.
Mas a verdade é que sim, eu me incomodo muito. Me incomodo que ainda haja tanta gente por aqui que não sabe ler e escrever. Isso me revolta tanto!! Como pode, meu Deus, nós estamos na capital do Brasil?! E, já que estamos aqui, nada melhor do que uma música do Legião Urbana para definir o meu sentimento, "Que país é esse?" Em tempos de Copa do Mundo, lembro também do Zé Ramalho: "Pode ser o país do futebol, mas não é, com certeza, o meu país".
Não é a primeira vez. Há uns meses, fiquei arrasada ao descobrir que a moça que me vendia docinhos também era analfabeta... Passei a ficar constrangida cada vez que a encontrava... Me sentir mal. É como se eu fosse também culpada por tudo isso, e sou, eu acho. Somos todos. Enquanto isso, a propaganda na TV diz que "nós, brasileiros, estamos vivendo um novo Brasil". Estamos mesmo?? De verdade, presidente? Então, viva!!
Pena que a simpática moça dos docinhos e a senhora "excessivamente" gentil que me vende flores na torre de TV morem em outro lugar...

terça-feira, 1 de junho de 2010

Nosso apê

Depois de visitarmos mais de quarenta apartamentos, eu e o meu amor finalmente nos decidimos por um. Nem muito grande, nem tão pequeno assim. Nem tão antigo, nem novo demais. Na melhor localização de Brasília, ao lado do Parque Olhos d'Água, o que deverá me deixar sem desculpas para não praticar uma atividade física (alto lá, eu faço pilates, lembram??).
Assim que compramos, pensamos em fazer uma pequena reforminha, que foi crescendo, crescendo (a reforma e não o apê) e acabou se transformando em um super-hiper quebra-quebra e um vai-e-vem de muitos profissionais. Agora, parece finalmente que a obra está chegando ao fim e não dá para não me emocionar a cada vez que volto lá. É a nossa casa, com a nossa carinha, tudo do jeitinho que a gente escolheu. Como olhar para a cozinha, com as pastilhinhas verdes, as pedras brancas, os detalhes em vidro, tudo do jeitinho que eu queria, e não imaginar uma refeição, ali mesmo, com a família toda (eu, Julio e os nossos três – sim, meu amor, três!!! – filhinhos)? Entrar na suíte, já pintada de azul, e não imaginar as noites com o meu amor? Como não olhar a janela da sala e não imaginar meu amor ali, em pé, olhando a vista... Ele não cansa dela jamais... E eu não canso nunca dele, e nem de olhar para ele.
Meu amor, obrigada por nossa casinha nova, por ter feito tudo do jeitinho que eu queria. Ou quase tudo, né??! Lembra-se dos meus planos para um espaço gourmet?? E a frase na parede do quarto?? Você vetou algumas idéias muito “ousadas”... rsrs Mas está tudo tão perfeito, que eu nem vou lembrar disso, certo? Fica para um próximo apê, quem sabe... Eu só sei que, depois de muito sonhar, imaginar, trabalhar (com a ajuda importantíssima da nossa arquiteta) e, principalmente, gastar (!!!), nosso apartamento está ficando pronto. E lindo. Nenhuma dúvida de que seremos muito felizes em nosso “lar-doce-lar”. Te amo.