segunda-feira, 30 de junho de 2008

Tio Beco

Algumas pessoas, quando morrem, nos deixam o conforto de que, em vida, foram felizes. Mas com a morte do meu tio Beco, o que ficou em mim foi a esperança de que ele agora possa ser feliz e ter paz, onde quer que esteja. Torço para que tenha reencontrado meu avô, meu tio Mano - seu irmão, e, especialmente, a minha avó - que morreu em seus braços vinte anos atrás. Espero que agora ele tenha o colo que tanto precisou em vida e poucas vezes encontrou.
Para algumas pessoas, ele podia até ser apenas um "bêbado" na rua da Harmonia, mas não para suas filhas, e nem para mim, que tenho em minha memória alguns flashes da minha infância, quando meu tio adorava brincar com a sua sobrinha que, por ser tão loirinha, ganhou dele o apelido de Milhinho. Depois que meu tio virou alcoolatra, ninguém nunca mais me chamou assim e o meu cabelo, como num protesto, escureceu para sempre...
Foi embora, o meu tio. Dia 28 de julho seria o seu aniversário. Alguém vai lembrar disso? Tio Beco, você que jamais esquecia os telefones e os aniversários de ninguém, partiu e esqueceu de nos avisar qual é o telefone do céu...

sexta-feira, 6 de junho de 2008

Para mim desabafar...

Não tem coisa que incomode mais os meus ouvidos do que o mim, pronome oblíquo que é, querendo se passar por um pronome reto, digno, incorruptível. Oblíquo quer dizer torto, inclinado, ou seja, algo que está muito longe de ser reto! Mas o tal do mim vive enganado as pessoas. Só quer ser o reto. É um tal de “para mim fazer isso”, “para mim dizer aquilo”... Como se o mim, coitado, pudesse fazer alguma coisa... Conheço um monte de gente que não descobriu ainda a verdadeira e oblíqua identidade desse camarada e que pensam, ingenuamente, que ele é reto, honesto, verdadeiro. Morro de vontade de alertá-las, para que passem a colocar o mim no seu devido lugar. Ficaria muito feliz se todos descobrissem a verdade, “para mim nunca mais ter que escutar essas coisas”.

segunda-feira, 2 de junho de 2008

Deixa que eu copio!

Uma amiga minha adora proteger os maridos e namorados das amigas. Se ela estivesse lendo esse texto, por exemplo, certamente soltaria um "é claro, eles merecem". Mesmo que os ditos cujos estejam redondamente errados, ela dá um jeitinho de defender e ajudar.
Outro dia, ela estava no cursinho assistindo a última aula de uma professora que, segundo contaram, estava paquerando um amigo nosso. Lá pelas tantas, a professora resolveu anotar o contato no quadro para os alunos que desejassem "tirar dúvidas". A esposa desse amigo, que também estava na sala e, é claro, nada satisfeita com a situação, olhou para o marido, apenas para conferir se ele estava copiando e flagrou a nossa amiga-protetora-dos-namorados-e-maridos dizendo assim: "deixa que eu copio e depois te passo, senão a Fulana vai implicar com você". Já pensaram nisso?!
Onde será que anda a cumplicidade feminina?!