quinta-feira, 26 de setembro de 2013

A minha mulher maravilha

Meu sobrinho Bruno adora super heróis. Outro dia ele me perguntou qual era o meu super herói favorito. Essa é fácil: a mulher maravilha. Mas não aquela dos quadrinhos... A minha mulher maravilha.

Ela está trabalhando em Brasília e, por telefone, resolve o problema da televisão da mãe, que quebrou. E da cadeira de rodas. Precisa comprar outra cadeira, daquelas de banho. Assim que voltar, vai cuidar disso. Quando for visitar a mãe e levar as compras da semana, ela já vai levar a cadeira nova. Precisa ver se vão caber no carro, as compras e a cadeira. Cabem sim, ela sempre dá um jeito. Se for o caso, leva as fraldas depois. Aliás, ela vai logo ligar para as cuidadoras da mãe para perguntar se vai acabar algum remédio e o que precisa comprar. Aproveita para perguntar como vai a cuidadora e como vai a família da cuidadora.

Ao chegar na minha casa, onde ela também mora quando está em Brasília, faz questão de botar o jantar, preparar tapiocas (já que ela trouxe a goma do Recife) e fazer sanduíches. Depois, vai ligar para minhas irmãs. Primeiro para Lu, para saber dos netos. Como vai Raul? Melhorou da asma? E Bruno, comeu alguma coisa? Já deu o remédio dos meninos? Ela desliga e comenta que preocupa-se com a filha, que optou por não ter babá nem empregada, então cuida da casa e dos filhos sozinha. “Eu sei que ela gosta, mas é uma carga muito grande para ela”, comenta, obviamente desejando poder ajudar ainda mais. Depois liga para Carol e pergunta se ela já decidiu se vai se mudar, se visitou algum apartamento, se ela está enjoando, se Thiago já voltou do trabalho. Aproveita para insistir que Carol fique com o carro dela emprestado, diz que pode usar quantos dias quiser. Mesmo quando ela voltar, não vai precisar dele. Daí liga para o marido para conversar um pouco e sempre pergunta se ele falou com Juju e André e como eles estão. Se ele não falou, ela diz que ele deveria ligar...

Depois de trabalhar o dia todo no Ministério da Saúde, iria descansar. Mas ligaram do Procape, hospital público em que ela trabalha no Recife, pedindo para ela revisar um documento importante. Então, decide passar a noite no computador, para ajudar o Procape, tão querido. Já poderia ter se aposentado faz tempo, mas não tem coragem de “abandonar” o hospital.

De todos os irmãos, a irmã é quem ela mais encontra. Mesmo assim, às vezes comenta que se preocupa porque acha que a irmã precisa mais da atenção dela. Mas atualmente ela anda mesmo preocupada com o pé da sobrinha que mora longe e se machucou. De longe, passa os remédios e acompanha o tratamento por fotos. Está pesquisando uma passagem para ir assistir a defesa do mestrado do irmão, de quem ela está muito orgulhosa. E tem também outro irmão, que mora na fazenda. E ela liga sempre perguntando se choveu, se a bomba de água está funcionando, se a vaca deu leite, se o caseiro melhorou, se precisa de alguma coisa, se já providenciaram uma proteção para as portas, afinal não podem deixar cobras entrarem em casa! Envia sempre ajuda e amor. Mesmo não gostando de bicho e de mato, fez questão de visita-lo quando ele se mudou, para ver “se ele estava bem instalado”. Ele tem quase dois metros, mas continua sendo seu irmão pequenininho...

No fim de semana, ela sai com os amigos do marido e chega tarde. Mas acorda cedo porque prometeu levar os netos para a praia. Não à toa, eles são loucos por ela. O mais velho liga várias vezes e pergunta: Vó, tu vai demorar? Ele só gosta do sanduíche que ela faz: é muito mais gostoso, segundo ele. Já o mais novo pergunta insistentemente à mãe: Eu posso ir para a casa da minha avó? Posso ficar três dias lá?

É, "Nuno", no fundo, nós dois somos loucos pela mesma super-heroína: a mulher maravilha. E ela também atende pelo nome de "vovó Ana".