segunda-feira, 27 de abril de 2009

A alma boa de Set Suan

Já mencionei aqui que na escola ganhei, da minha amiga Mariana, o apelido de Madre Teresa. Ela dizia que eu era boazinha demais com todo mundo. Lembrei disso ontem, ao assistir à peça A alma boa de Set Suan. A personagem principal é considerada “o anjo do subúrbio”, pois vive ajudando as pessoas. No entanto, por não conseguir colocar limites às pessoas que queriam se aproveitar do seu bom coração e generosidade, ela começa a perder tudo e a abrir mão da própria felicidade. A moça inventa, então, um “primo”, que sabe se impor e dizer não às pessoas. A história não tem final, já que o autor (Brecht) a deixou inacabada (não sei se propositadamente) e então cada um pode refletir e imaginar o desfecho que desejar.
O problema da história era que a “alma boa” não era simplesmente boa, mas uma pessoa que não sabia se posicionar e tomar decisões... Ah, e a personagem, quando “transforma-se” no primo, não tem escrúpulos e nenhum receio de magoar as pessoas. Será que era boa mesmo essa moça ou ela apenas queria preservar a sua imagem de "anjo"? Também acho que a história passa a idéia de que se impor é ser mau, o que não pode ser verdade.
Enfim, a pergunta que fica é: vale a pena ser bom nesse mundo em que muitas pessoas sempre querem “mais” da gente? Eu acho que vale.

sexta-feira, 24 de abril de 2009

O poder de um salão de beleza

Desde que eu me entendo por gente – ou muito antes disso - minha mãe faz as unhas toda semana, religiosamente, e sempre usa esmaltes escuros. Tanto que um dia, meu primo Almirzinho perguntou por que ela tinha “unha de bruxa”... A manicure “Gegê” era quase parte da família, já que passava todas as tardes de sextas-feiras lá em casa. Chegava depois do almoço e só ia embora quando já era escuro. Contava histórias da família dela, das brigas com o marido (que um dia levou uma “panelada” dela). Lembro que a minha mãe vivia repetindo: “se um dia eu morrer sem fazer as unhas, chamem Gegê, não deixem me enterrar com as unhas desarrumadas, pelo amor de Deus!” Quando eu cresci um pouquinho, comecei a também esperar Gegê ansiosamente para arrumar minhas unhas e aquilo se tornou um hábito.
Depois, com os compromissos dos estudos, especialmente depois de entrar faculdade, ficou difícil reservar um horário certo para fazer as unhas e então passei a freqüentar salões de beleza. Adoro! Freqüento o mesmo local há anos, conheço todo mundo por lá. E me sinto realmente em casa. Sou tão íntima que chego a ser convidada para as festinhas do salão, para os aniversários dos funcionários, além de chás de bebê das manicures.
Às vezes vou duas, três vezes na semana, mesmo que tenha que ficar sem almoçar por causa disso. Melhor ficar com fome do que com as unhas feias, concordam? Também faço depilação, sobrancelha... E no cabelo então?!! Corto, pinto, aliso. Faço tudo o que eu tenho direito! Se passo uma semana inteira sem ir lá, me sinto horrível. Quando estou estressada, corro para o salão. Quando estou me sentindo feia, gorda, mal-tratada... Não há remédio melhor.
Às vezes, reservo o sábado inteirinho para cuidar de mim... Não existe uma música não sei de quem que diz assim: “hoje é meu dia de gente?!” É exatamente isso!! Me sinto assim no salão, cuidando de mim, virando “gente”, me arrumando e ficando linda.
De verdade, devo confessar: não vivo sem. No mínimo diferente para uma mulher que não usa maquiagem (só um batomzinho, às vezes), não tem secador nem chapinha e sai de casa sem se olhar no espelho (juro)! Pois é, não sou das mais vaidosas mesmo, mas adoro um salão de beleza. Me faz tão, tão, tão bem... Exagero?!! Pode ser. Mas é que ando NECESSITANDO umas horinhas no salão, para arrumar essas unhas que estão “descascando”, depilar, arrumar o cabelo... Fazer tudo o que eu tenho direito e sair de lá me sentindo bonita e poderosa. Poderosíssima!