Quando eu era criança, era o
meu tio Mano que levava todos os sobrinhos para o parque nos fins de semana. Uma
grande farra! Íamos todos juntos, muitas vezes em um fusquinha emprestado da
minha tia. E, vejam bem, eu estou falando de DEZ CRIANÇAS! Todas loucas por
ele.
Tá, eu sei, hoje em dia é
fácil agradar a criançada. Basta levar a turma toda no Mac Donalds e comprar um
lanche com um brinquedinho para cada um. Mas eu estou falando de um tempo em
que, para ser o tio querido, era preciso esforços maiores, como, por exemplo,
conseguir juntar todas as tampinhas de refrigerante necessárias para completar
a coleção inteira dos copos dos trapalhões para cada um dos dez sobrinhos. E
ele conseguia! Nem que para isso precisasse sair recolhendo nas casas dos
vizinhos, nos bares, nas lanchonetes...
Um dia, cheguei em casa com
uma tarefa diferente. Precisava levar para a escola uma lista de “frases de
para-choque de caminhão”. Eu não fazia a menor ideia do que se tratava e fui
perguntar à minha mãe, que também não conhecia muitas, mas me deu uma solução:
ligue para tio Mano, ele vai saber. E não é que o meu tio rapidamente encontrou
as melhores frases para mim? Bom, vale ressaltar aqui: o Google ainda estava muito longe de existir.
Eu era muito pequena, mas lembro-me
bem que todo mundo vivia pedindo para ele resolver problemas, que iam de
consertar um chuveiro a encontrar um produto que estivesse em falta no mercado.
Ele acabava encontrando. Na nossa família, a gente ouvia muito a frase: “pede a
Maninho, ele dá um jeito”. Resumindo, amigos, meu tio Mano era o que chamamos,
na minha terra, de “pau para toda obra” (pessoa que está sempre pronta a ajudar
e que não se recusa a fazer nenhum tipo de trabalho).
Enfim, quando o meu tio morreu, eu
tinha apenas oito anos e sofri muito tentando entender porque ele tinha ido
embora tão cedo. Na minha inocência de criança, a única resposta que encontrei
foi a seguinte: Deus devia estar com algum problema muito complicado. Desses que só o meu tio
Mano poderia resolver.
Nenhum comentário:
Postar um comentário