quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Brasileiro não lê, mas compra livros

Vivemos num país onde se lê pouco, é o que dizem. Mesmo a classe média e aqueles poucos que preenchem o campo escolaridade com: “nível superior completo”. Mesmo esses, quase não lêem senão revistas de fofocas e textos curtos na Internet. Não sou uma leitora compulsiva, mas sou filha de uma e herdei “o gosto pela coisa”. Acho tão bom que fico pensando o porquê dessa falta de leitores no nosso país.
Mas se as pessoas não lêem, por que as livrarias estão sempre lotadas? Por que as casas das pessoas que eu conheço têm tantos livros nas estantes? Será o livro é um objeto de decoração, uma peça de arte, algo que dá status. Será que é chique ter a coleção do Saramago na estante mesmo não sabendo ao certo quem ele é e o que escreve? Seria o mesmo que ter um quadro da Tarsila do Amaral ou uma peça de Francisco Brennand? Ninguém quer saber o conteúdo dos livros? E o prazer da leitura, onde é que fica?
Se isso for verdade, os escritores não precisam se dar ao trabalho de escreverem novas estórias. Para lançarem um novo livro-peça-decorativa no mercado, bastaria mudarem a capa e o título. Ninguém liga para o que está escrito...
Conheço uma pessoa que tem compulsão por comprar livros. Compra todos que vê pela frente. Será que ela tem tempo de ler? Será que aquele maravilhoso do Fernando Pessoa foi direto para a estante? Imagino que talvez ela nunca vai ler coisas como “Tenho em mim todos os sonhos do mundo” ou “Não conheço nenhuma outra razão para amar senão amar”? De que adianta ter Fernando Pessoa na prateleira, sem conhecer suas palavras (divinas)? De que adianta ter o último livro do Diogo Mainardi na estante da sala para impressionar as visitas. Afinal, ele é polêmico, é chique, está na Veja e na lista dos mais vendidos. Aliás, nós nunca saberemos se um livro que está na lista dos mais vendidos estaria numa lista dos mais lidos.

5 comentários:

Anônimo disse...

Você parece um pouco deslumbrada, ou desinformada. As pessoas que "lotam" as livrarias que você freqüenta fazem parte de uma seleta e pequena classe social que detém o poder econômico e intelectual do país. Num geral, o brasileiro ainda lê muito, mas muito pouco. Visitar livrarias como a Cultura ou Saraiva terminou virando moda. Não se impressione. Acho que se fizéssemos um levantamento, apenas uma pequena porcentagem dos que lá estão, compram algum livro. Se fores a alguma das casas que margeiam as arestas dessa cidade em que vives, dificilmente irás encontrar algum livro na estante. Só vasilhas com restos de comida. Outra coisa, dizer que Diogo Mainardi é "chique" parece um grande devaneio da sua parte. Ainda mais quando citado depois de Fernando Pessoa. Falta pragmatismo no seu olhar sobre a vida. Penso que você anda lendo de mais e vivendo de menos.

Anônimo disse...

O texto termina com um questionamento deveras curioso, para o qual eu mesmo, praticamente onmisciente, nunca havia atentado: uma imaginária comparação da lista dos mais vendidos com a dos mais lidos.

Certamente não bateriam, graças às bibliotecas públicas e privadas e aos amigos emprestadores de livros...

Mas o buraco é mais embaixo. O problema da pouca leitura, de cunho sabidamente social, perdurará por décadas, séculos.

Aqueles que guiam o país sempre crêem existirem prioridades mais urgentes do que tudo, e terminam sem obrar nada.

É importante focar na gestão escolar, pois sérias pesquisas já apontaram que o comprometimento da direção da escola e o envolvimento da comunidade têm repercussão maior do que qualquer aporte financeiro.

Por tudo, ainda somos um país de analfabetos -- há até a figura assaz encontradiça do "analfabeto funcional", que lê tudo e nada entende...

Anônimo disse...

Ainda ontem acabei de ler O amor nos tempos do cólera, gabriel Garcia Marquez. Extraordinário! Vou reler marcando as partes mais interessantes. Adoro ler. Foi um hábito criado na infância. meu avô Arnaldo Marques, membro da Sociedade Brasileira de Escritores Médicos, lia "regularmente" e muito. Escrevia textos, crônicas, livros, comentários, até em pedaços de papel de embrulho de pão - além de compêndios de Semiologia Médica, matéria em que foi catedrático na Universidade Federal de Pernambuco - Lembro que o primeiro livro qu li, afora as estórias infantis foi Tibicuera, Érico Veríssimo aos 10 anos e com vovô acompanhando e comentando. Depois, numa viagem Recife - Rio de Janeiro, no navio Princesa Isabel, eu e ele lemos O Príncipe e o Mendigo, Mark Twain. Adorei! E daí nunca mais parei. Em época de Curso Médico e quando as tr~es filhas eram muito pequeninas e exigiam muito a minha presença física, demorava pra completar algumas leituras, mas nunca deixei de ter um livro na cabeceira. Com os "para didáticos" das minhas filhas, era uma festa. Líamos todos, as quatro, deitadas nas caminhas ou sentadas no chão ou no terraço da Neto de Mendonça. Ríamos com os personagens, chorávamos com suas tristezas ou perdas. Ficávamos tristes quando acabávamos, mas sempre tinha um outro. E agora, perto da aposentadoria, quero ler mais. Terei mais tempo e ainda mais vontade de ler. Porque mesmo com essa vontade toda e este amor pelos livros, considero que li pouco, poderia ter lido mais, hoje seria mais "rica". Bem, quem sabe comece outra vez a ler estórias infantis com meus netinhos: os pernambucanos, paraibanos e candangos......Vai ser uma farra. Agora a AVÓ sou eu.... Minha filhota, beijinhos e adorei o texto. Sua mãe!
PS: Jornalista tem que ler mais....Você está lendo pouco! Não sei quem sempre diz isto. Você sabe?

Anônimo disse...

Esqueci de assinar. O comentário de cima é meu. Ana Lourdes

Anônimo disse...

oxeee...esse anônimo aí já ouviu falar em juízo de valor, opinião, e coisas que o valham? É cada uma....e nem entendeu nada. Quem tá lendo muito é ele.
bjs Tati