Não, amigos, eu não sou escritora. É verdade que escrevo desde que me entendo por gente e até que sonho em um dia, quem sabe, publicar meus livros (acho tão chique isso). Mas uma coisa não tem nada a ver com a outra. Sério. Imaginem que a Clarice Lispector - sim, ELA mesma - dizia que o título de escritora não lhe caía bem, simplesmente porque ela escrevia sem compromisso e, pasmem, "sem saber escrever". Amigos, se a Clarice não sabia escrever - logo ela! - eu não posso nunca querer merecer o título de escritora. Seria muita pretensão. Eu tenho consciência disso. E nem fico triste. Primeiro porque é muito difícil eu ficar triste por alguma coisa. Segundo porque a minha vontade não é ser escritora, mas tão somente escrever... Escrever sempre. Sobre qualquer assunto, sobre nada até. Não posso nunca parar de escrever, como não posso parar de respirar, de sorrir, de amar... Faz parte de mim.
Deve ser porque eu sou, como diria uma amiga minha, "uma moça ousada". Ousada porque gosto de viajar pelo mundo sem criar raízes, ousada porque não tenho medo de desafios, ousada porque faço o que quero e só o que quero (quase sempre). Visto as roupas que gosto e pinto as unhas de vermelho, de preto, de rosa choque - as do pé, inclusive. Sou "uma moça ousada" que sente necessidade de dizer o que pensa, mesmo que depois leia seus próprios textos e pense: "quanta besteira". Mas, ainda assim, orgulhe-se sinceramente deles.
Talvez, além de ousada, eu seja um pouco estranha também. É isso, acho que não sou uma criaturinha muito normal... Vejam só: quase duas da manhã, e eu aqui, escrevendo um texto sem pé nem cabeça, sem motivo, sem inspiração. Escrevendo só por escrever, esperando enquanto o meu sono perdido procura o caminho da minha casa... Ele, que era hóspede tão frequente, nunca mais apareceu por aqui. E a minha imaginação agora vai longe... Posso ver o coitado do sono pedindo informações no meio da rua, aos poucos pedestres que arriscam uma caminhada pela madrugada! Lá está ele, exausto, olhando as placas de Brasília e tentando entender aqueles "códigos", as siglas... Esqueceu como se chega aqui. Esqueceu até a "lógica" de Brasília. Ele - o meu sono - tenta desesperadamente lembrar o que mesmo significam aquelas letrinhas do meu endereço... Sinto pena dele.
Estou ficando impaciente com a demora, nem consigo mais escrever. Preocupada, chego a pensar no pior: "será que aconteceu alguma coisa com o meu soninho querido?" Vou para a janela, esperar por ele, o meu sono, como quem espera por um namorado, ou por um filho... Os olhos ansiosos e o coração apertado de saudade!! Tomara que não demore.
2 comentários:
Tão lindo, meu amor.
Tu és a minha escritora favorita.
Te amo
Ana Lourdes
Quando isso acontecer denovo, conte carneirinhos. rsrs...
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