domingo, 7 de dezembro de 2008

Um grude só!

Não consigo encontrar uma blusa que eu adoro. Já revirei o armário e nada... O que isso tem de importante? Aparentemente, nada. Mas é que o fato me fez lembrar da adolescência, quando certamente ligaria para a minha amiga Sotero e diria “não consigo encontrar aquela blusa, será que não ficou na tua casa?” A gente sempre foi assim: vivia trocando nossas roupas e deixando tudo uma na casa da outra. Era quase como se nossas casas, nossos quartos e nossos guarda-roupas fossem um pouquinho das duas.
Um grude só! Lembro uma vez que um colega alfinetou: “vocês não enjoam uma da outra?” A gente riu: é claro que não. E, se por algum motivo tivéssemos que ficar uns dias sem nos encontrar, recorríamos ao telefone. Quantas longas conversas! O resultado era uma conta de telefone altíssima. Mas o problema era dos nossos pais, a gente não se incomodava muito.
Bateu uma saudade enorme desse tempo de “grude”. Era só o cotidiano de duas adolescentes que estudavam juntas, “aprontavam” juntas, se divertiam muito juntas, choravam horrores juntas e, muitas vezes, não faziam absolutamente nada... Juntas! Morro de saudade da nossa convivência, das nossas brincadeiras, das cartas enfeitadas, das conversas intermináveis, dos segredos compartilhados, das descobertas. Às vezes, a gente nem precisava falar. Uma compreendia a outra pelo olhar.
O tempo passou e, felizmente, a nossa amizade só continuou crescendo. Mas é claro que a vida de “gente grande” não permite mais as longas conversas ao telefone, as tardes de pernas para o ar, os passeios intermináveis no shopping – situação agravada pelo fato de não morarmos mais na mesma cidade...
Saudade e certeza. Duas palavras que resumem a nossa relação atualmente. Saudade uma da outra, e do tempo que não volta... Certeza de que nossa ligação é mais forte do que tudo e que, mesmo que a gente não se fale com tanta freqüência e que a gente quase não se encontre mais, estamos e estaremos eternamente juntas.
Acho que, talvez pelo momento conturbado pelo qual estou passando, tenho lembrado ainda mais dessa minha amiga tão querida – e também de outras amigas de infância, claro. Uma vez, no meu tempo de colégio, meu pai me escreveu, em uma carta: “nessa fase da sua vida, você encontrará os amigos que levará para sempre”. Ele sabe das coisas...

2 comentários:

Anônimo disse...

Eiiiii!
Deixo aqui meu protesto. O quarto também era meu, e diga-se de passagem, era tudo muito bom porque quem ficava sem cama era EU!!!

Brincadeirinhas a parte... mas é que lembrei também que eu chegava depois e vocês já estavam lá no quarto, cada uma na sua "respectiva caminha"

tempos bons!

Anônimo disse...

Tati, tás escrevendo cada vez melhor.

Era só isso.