quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

Hoje eu recebi uma carta, por e-mail

Estudando os gêneros discursivos, li que o e-mail é a carta dos nossos dias, e não concordei. Recebo dezenas de e-mails por dia, quase sempre com menos de dez linhas, 90% sobre o trabalho. Os outros dez por cento são dos amigos e dividem-se em duas categorias: os encaminhados - que eu já não tenho tempo para ler, e os curtíssimos, agendando encontros, ou contando alguma novidade (sem os detalhes).
Que me desculpem a "turma" da análise do discurso, mas isso, para mim, não tem nada a ver com carta. E olhem que de carta eu entendo, coisa que meus amigos de infância podem confirmar. Passei a infância e a adolescência escrevendo cartas (escrevendo mesmo, e não digitando) para meus amigos e amores, muitas das quais jamais entreguei. Lembro que usava canetas coloridas, recortes de revista, adesivos: tudo que pudesse colocar um pouquinho do meu sentimento ali. As pessoas não escrevem mais cartas… Não têm mais tempo. Já ouvi que tudo o que é importante pode ser dito em três palavras. Dito, talvez. Descrito, jamais.
Bom, mas hoje eu recebi uma carta linda. Não, nada de adesivo ou canetas coloridas, nada de letra caprichada. A minha cartinha não precisou de selo, veio por e-mail. E, apesar disso, podem acreditar, foi uma carta de verdade, com muito sentimento e que me fez sentir uma saudade enorme.
Uma cartinha que chegou rapidinho de Lisboa para Brasília, sem escalas. Esse é um bom exemplo onde a tecnologia foi usada para amenizar (não deu para matá-la) a saudade, e que fez as palavras do meu amigo chegarem logo até mim, sem, com isso, transformar a minha carta num e-mail de cinco linhas, sem graça, sem gosto, sem vida.
Hoje eu entendi como a tecnologia transformou a carta em um e-mail, e como as pessoas transformaram o e-mail em uma coisa completamente diferente.

5 comentários:

Anônimo disse...

e a senhora também tem que voltar a escrever as suas cartas, sejam elas escritas à mão (e eu tenho todas guardadas) ou digitadas...

=)

Anônimo disse...

Antes de mais nada, adorei a iniciativa de vc ter voltado a escrever!!!
E adorei mais ainda o fato de vc ter gostado da CARTA que mandei por e-mail.
Como vc disse, não dá pra matar a saudade, mas damos uma aliviada.
Beijos do seu amigo que te ama,
Pinho

Anônimo disse...

E eu aqui só para marcar presença, como os e-mails rapidinhos que não dizem muitos detalhes.
Só porque "um certo alguém" disse que eu deixasse um recadinho para não deixar minha irmazinha desmotivada! :)

Anônimo disse...

Tati!!!!!

queremos novos posters!!!!
=)

te amo!

Anônimo disse...

Filhota,
Tenho aqui em casa caixas e caixas cheias de suas cartinhas. Coisas que você guardava, papéis dobradinhos..... E sei que representam muito pra você...e pra mim, porque a identidade pela tipo de música, pela leitura, pela distração e pela facilidade em chorar são muito fortes entre nós duas. Sendo que quando eu choro, eu não falo, e você junta as duas coisas, e quando é por tefone, eu não entendo nada...e você fica repetindo, e eu sem entender, já chorando do outro lado. às vezes é pior, porque você está nos EEUU, no México, em Brasília e eu fico totalmente perturbada. Mas, tergiversei, como diria seu colega José Teles), e mail seu. contando as novidades, são lindas cartas de amor.....
Beijos,
Ana Lourdes