segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

É de família

Eu sempre fui muito distraída. Se eu chegava em casa e tinham trocado o sofá de lugar, ou mesmo por outro, eu nem reparava. Minha mãe mudava a cor da parede e eu nem me dava conta. Quando criança, eu vivia perdendo documentos, chaves e até mesmo dinheiro. Além disso, de vez em quando, ia para o colégio sem um material importante e ligava implorando para a minha mãe levar para mim, para que eu pudesse participar da atividade na classe. Afinal, esquecimento não tem nada a ver com falta de comprometimento e/ou desinteresse. Claro que esses problemas foram reduzidos significativamente com a idade, mas vez por outra ainda faço os outros rirem com as minhas distrações. Um amigo do colégio dizia que eu vivia "no mundo da Lua". Acho que ele tinha razão. Eu era campeã em ir para a praia e esquecer de levar o biquini, ou ir para um show e deixar o ingresso em casa.
Atualmente, se alguém pede que eu vá buscar algo num armário ou numa mesa qualquer, eu ainda fico nervosa... Tenho medo de não encontrar. E nunca encontro. Aí bate um desespero porque sempre tenho a certeza de que o tal objeto está no local mais evidente, só eu não consigo enxergar. Quando o encontro, sinto um alívio tão grande que é quase um prazer. É como se eu dissesse a mim mesma: "viu como eu não sou tão desligada? Eu encontrei!!!!". É uma vitória pessoal, um banho de auto-estima (risos).
Bom, mas o que eu quero deixar claro aqui é que a minha distração se trata de uma questão genética. A minha mãe é do mesmo jeito. E, com o passar dos anos, parece que a coisa está piorando (acontecerá o mesmo comigo, no futuro?). De vez em quando, ela apronta uma "das boas". Até um envelope com dolares ela já jogou no lixo - eu juro! E o detalhe: eles eram meus...
Na semana passada, aconteceu mais um caso interessante. A minha mãe foi buscar o meu tio no aeroporto. Ela foi para a frente de um portão de desenbarque e ele chegou por outro. Esperaram por mais de uma hora e nenhum teve a "brilhante" idéia de andar até o outro portão ou telefonar (celular existe para isso, eu acho). Até que a minha mãe me ligou e eu sugeri que ela conferisse o local de desembarque indicado para o vôo do meu tio. Sob protestos (é claro, segundo ela mesma, que ela estava no lugar certo!), ela conferiu e viu que eu estava com a razão. Passou um tempo e chegaram os dois, num riso só. Ainda bem que o senso de humor também é de família.
Bom... Mas depois minha mãe ainda diz por aí que não sabe a quem eu puxei "essa demência toda". A quem terá sido?

Um comentário:

Anônimo disse...

Acho de muito mau gosto a pessoa ficar escrevendo e divulgando coisas da própria mãe..... Mãe, só tem uma!
E dizer que ficams eu e meu irmão por quase uma hora, é pura mentira. Foram 59 minutos.....
Sim, temos bom humor. Meus irmãos e meus tios Marques numa conversa, até em enterro, é bom humor puro. Se estivermos juntos, preparem-se, vai ser muita risada. Mas ser distraída é pecado? Minha avó Lourdes já chamava minha tia Cristina (Tininha) de "maré me leva, maré me trás". Ela não sabia nada, não achava nada....uma graça! Isso eu era pequena, na década de .....esqueci! E a família já tinha suas distrações. Uma vez, ela fez pur~e de batata com Leite Moça e no almoço, ficou estranhando porque estava doce!