domingo, 2 de dezembro de 2007

Feliz Ano Velho

Ontem, na livraria, me deparei com uma nova edição do livro Feliz Ano Velho, de Marcelo Rubens Paiva. Morri de saudades. Tentei lembrar onde anda o meu exemplar que há muitos anos li e reli apaixonadamente. Não sei onde foi parar. Fiquei triste.
Em primeiro lugar quero esclarecer que não sou uma completa desarrumada que vive perdendo tudo por aí. E, em segundo lugar e não menos importante: também não sou o que se pode chamar de uma pessoa apegada às coisas materiais.
O fato é que tem coisas que realmente são valiosas para mim, não pelo preço que custaram, mas por um valor sentimental incalculável. Amo meus livros porque com eles aprendo, descubro, cresço, me transformo em outra pessoa - melhor ou pior, vai saber. Amo minhas caixinhas cheias de cartas e pedaços de cadernos que fizeram parte das minhas primeiras descobertas amorosas e da construção de grandes amizades. Amo minha casinha porque ela é o meu cantinho no mundo. Amo os meus CDs porque eu não sei viver sem escutá-los infinitas vezes.
Sou tipo de pessoa que detesta ouvir a frase: "você me empresta esse livro?" ou, mais comum: "posso levar esse CD para copiar?". Ai, ai, ai... Às vezes, eu acabo não conseguindo negar e empresto. Passo dias ansiosa para que me devolvam logo o "valioso" item da minha coleção.
O pior de tudo é que a maioria nem está tão interessada assim naquilo que pede. Já teve gente que me pediu livro emprestado e esqueceu na prateleira... PARA SEMPRE (grande interesse, hein?). E eu fico sempre tentando encontrar a maneira mais delicada de pedir de volta - como se eu fosse a inconveniente da história!
Lembro de Chico: "devolva o Neruda que você me tomou, e nunca leu!". O "e nunca leu" sempre me pareceu muito doloroso. Vejam a gravidade: alguém te toma algo que você simplesmente adora e não tem sequer o interesse de ler! É definitivamente imperdoável.
Devo confessar que não lembro se emprestei o meu Feliz Ano Velho para alguém... Provavelmente sim, para alguém que me tomou e nunca leu.

2 comentários:

Anônimo disse...

Comecei a ler e pensei...vai sobrar pra mim... não que eu peça e não devolva, é que tenho fama de jogar tudo fora, dar tudo.....É verdade que já joguei $1500,00.....Mas livros, não....no máximo mandei para casa de papai quando me mudei para meu apê do Ricardo III. Bem, eu não sei onde foi parar o Feliz Ano Velho. Sei que li e adorei, reli....Até assisti a peça, nos idos de 80 ou 90, sei lá....De qualquer forma comprei um DVD de Adoniran Barbosa e vou levar amanhã pra vc.....Feliz Ano Novo!!!!!

Anônimo disse...

Bom, como você sabe e a própria pessoa já se acusou...
As coisas, dependendo onde estejam, ganham vida própria!
No Maria Pia tem uma lenda de que as coisas sempre param no lugar mais escondido que se possa imaginar.
Se aconteceu com o Feliz Ano Velho eu não sei, só sei que posso comprovar a lenda! :)